Na semana passada recebemos com alegria novos habitantes do Parque Escola. As pequeninas são filhotinhos recém chegados da espécie
Trachemys dorbignii, conhecida como tigre-d´água ou tartaruguinha de aquário. É comum no sul do Brasil e por ser encontrada em grande quantidade nos mais diversos locais é facilmente capturada e vendida ilegalmente.
Estas aí foram surpreendidas no momento em que davam seus primeiros passos fora do ninho.
A desova desta espécie ocorre principalmente nos meses de novembro e dezembro, mas outras desovas podem ocorrer fora desse período. As fêmeas põem um número aproximado de dez ovos e o "ritual" leva em torno de duas horas. A taxa de predação natural desta espécie é alta. Não é raro encontrar um predador - que pode ser o zurrilho, o lagarto ou o carcará - aguardando a fêmea terminar a postura. Por vezes, o predador espanta a fêmea antes mesmo do fechamento da cova. E a coitadinha está tão cansada que nem reage. Ou através do faro, os predadores detectam os ninhos e escavam para se alimentar dos ovos. Quando os ninhos permanecem intactos, as bichinhas ainda podem ser degustadas no momento em que saem da cova. Quando sobrevivem buscam o corpo d´água mais próximo e lá ainda têm que buscar abrigo de outros predadores como os peixes e as aves aquáticas.
As tartarugas, ao contrário de nós que somos considerados uma espécie "restrategista", são espécies "K estrategistas". Nós produzimos um número limitado de descententes de cada vez, por um período longo de gestação e temos um cuidado parental extremo: nossos filhotes dependem de nós por um tempo considerável e habitualmente vivemos em famílias. Estes bichinhos produzem um grande número de descendentes, que nascem sozinhos e prontinhos para a vida. E assim têm que se virar para não dançar! E olha que elas custam tanto quanto nós para virarem adultas. E ainda podem chegar a uma idade de 250 anos!
Essas são as duas estratégias de permanência das espécies e assim se dá a evolução. Os mais fortes sobrevivem, se adaptam e evoluem através dos tempos.
Dessa forma, frágeis e expostas aos mais diversos perigos, as bichinas já estão na Terra há 150 milhões de anos. São muito mais antigas que nós - que estamos aqui há apenas 3 milhões de anos e já nos achamos os donos do pedaço!